Fundação e Espaço Cultural Pierre Verger


Fundação e Espaço Cultural Pierre Verger
       A Fundação Pierre Verger foi criada em 1988 por Pierre Verger com o objetivo de preservar e divulgar a obra do fotógrafo e destacar a importância das culturas africanas e afro-brasileiras. Situada na Ladeira da Vila América no Engenho Velho de Brotas, o espaço social oferece oportunidades para crianças, jovens e adultos de comunidades próximas à instituição, o local tem contribuído para a formação educacional e cultural, trazendo à comunidade diversas oficinas tais como, dança afro, teatro, violão, educação digital, e várias outras. O projeto conta com a colaboração de diversos profissionais alguns recebem uma ajuda de custo, e outros que se dedicam de forma voluntária. Para participar das oficinas, a fundação exige que o aluno esteja matriculado e estudando.
       A instituição conta com banheiros comuns, masculino e feminino e especial, copa e cozinha, salas dos cursos, como fotografia, educação digital etc. Um espaço cultural, onde acontecem as programações voltadas para cultura e arte africana, e recentemente uma horta esta sendo organizada por funcionários e alunos.
       A maioria dos alunos são estudantes de escolas públicas, e se encontram em situações de risco, em uma conversa com D. Cici, contadora de histórias africanas do espaço cultural, ela diz que muitos meninos e meninas pertencem às famílias desestruturadas, ou que vivem em situação financeira precária, e acrescenta outro problema, muitos acima de 9 anos de idade, mesmo matriculados na escola ainda não sabem ler. Mesmo com todos estes desafios a fundação Pierre Verger, tem aberto janelas na vida de muitas crianças e muitos adolescentes que tiveram as portas da sociedade fechada para elas. Muito inspiradora, D. Cici se encoraja a cada dia a continuar trabalhando para que todos os que frequentam o espaço, não permaneçam do mesmo jeito como entraram, ela muito emocionada diz: “ Já perdi muitos meninos para o tráfico, chorei muito, mas não desisto”.

  

Reportagem- Educação Inclusiva


Sociedade cada vez mais perto da inclusão, mas será que as escolas estão preparadas?

1.Vivian Rangel- Portadora de Síndrome de Down.      
4 anos de idade, estudante de escola regular.                                             

Durante muitos anos pessoas portadoras de necessidades especiais foram excluídas da sociedade, não frequentavam espaços sócio- culturais, muito menos uma escola. Hoje fala-se muito a respeito de inclusão social, e não se pode falar deste assunto sem levar em consideração o sistema regular de ensino, no qual busca inserir crianças, jovens e adultos com necessidades especiais num ambiente em que eles possam interagir com outras pessoas. A característica fundamental da educação inclusiva, segundo Ballard, é: a não discriminação das deficiências, cultura e do gênero. Claro que este pensamento cabe em qualquer situação em termos de inclusão social, mas Ballard ainda acrescenta: Todos os alunos têm o mesmo direito a ter acesso  a um currículo culturalmente valioso e em tempo completo, como membros de uma classe escolar e de acordo com sua idade.A educação inclusiva, ainda é um tema que vem sendo discutido por diversos seguimentos sociais e educacionais, mesmo pessoas com déficits de toda ordem, sejam elas consideradas graves ou não, permanentes ou temporárias, tem seus direitos assegurados por lei, e o direito a educação está incluída na constituição. A Legislação Brasileira ampara e resguarda esses cidadãos por meio de Leis, Decretos, Portarias, Resoluções etc. Bem como se encontra na Constituição Federal de 1988- Educação Especial no artigo 205 que diz: A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.
Em uma conversa com Maria do Carmo, mãe de Vivian Rangel, (Fig.1), Vê-se uma mãe satisfeita com ambiente escolar e com o desenvolvimento da filha, ela diz que sua filha interage bem com outras crianças, ela confia no ensino que é proposto na escola e não vê problemas em sua filha estudar em uma escola regular.

2.Vivian e  Kelle, colegas de turma.

Na escola Santa Bárbara onde Vívian estuda desde o ano passado, Deize a professora, explica que a pequena Vivi como é conhecida, responde bem as atividades propostas, não tem problemas de relacionamento com outros colegas, ao contrário,  ela tem facilidade para fazer amizade (Fig.2).A professora de Vívian procura realizar tarefas em sala de aula de acordo com as necessidades de cada criança, ela trabalha com uma turma onde a faixa etária é de 2 e 3 anos. Víviam tem acompanhamento psicopedagógico em outras instituições e acompanhamento da família, isso facilita o desenvolvimento da criança tanto na escola quanto na sociedade em geral, diz Rita Oliveira, professora de biologia, tia de um garoto autista de 9 anos que também estuda em uma escola particular regular.
Mas, ainda há quem lute para que educação inclusiva seja devidamente organizada e oferecida para todos de acordo com suas necessidades. Surdos de diversas regiões organizam um movimento em todo país por meio de encontros, caminhadas e redes sociais, se mobilizam para que haja implantação de escolas públicas bilíngues em todas as regiões do Brasil, para que surdos e filhos de surdos possam aprender sua língua materna, a LIBRAS (Linguagem Brasileira de Sinais) como sua primeira língua, como determina a lei 5016, instituída no dia 11 de janeiro de 2013, e assim tenham a garantia de aprender em sua língua materna.
         Anselmo Dias (Fig. 3), surdo, professor de LIBRAS, estudante de pedagogia na Faculdade Regional de Filosofia, Ciência e Letras de Candeias, diz que sempre foi muito difícil estudar em escolas regulares, diz ainda que para um surdo acompanhar uma aula é extremamente cansativo, mesmo com auxílio de intérprete na sala, pois a modalidade de ensino desde sempre foi proposta para uma cultura de ouvintes.

3.Anselmo Dias,surdo,29 anos,universitário.

Inclusão social é algo que ainda enfrenta muitos desafios, principalmente para uma sociedade que em geral, precisa ser reeducada e restruturada, e de fato, iniciativas educacionais  são imprescindíveis para o cumprimento desta etapa, preparando cidadãos para  o mercado de trabalho competitivo, estabelecendo assim, uma real condição de igualdade. A finalidade da educação inclusiva é trazer para o convívio social, práticas baseadas na valorização da diversidade humana, no respeito pela diferenças. Para que o mundo alcance o objetivo da rejeição zero, cabe a cada indivíduo rever seus  conceitos e analisar sua forma de agir e pensar em relação ao outro, e todos estes processos são resumidos em um    pensamento muito sábio de Paulo Freire, que diz: “Educação não transforma o mudo, educação muda pessoas. Pessoas transformam o mundo”.
4.Encontros de surdos e intérpretes- Oficina de Cultura Surda.














Por Joseane Nascimento-Universidade  Federal da Bahia