Inclusão
social, hoje em dia este assunto vem sendo bastante discutido, afinal, todo
cidadão tem direito ao trabalho, a educação, a ter participação na politica, a
ter uma vida social e cultural, e a lei ampara cidadãos portadores de
necessidades especiais quanto a seus direitos. A ONU (Organizações das nações
Unidas) ao perceber que pessoas portadoras de necessidades especiais eram
excluídas da sociedade, promulgou em 1981 o chamado AIPPD (Ano Internacional de
Pessoas Portadoras de Deficiência), A partir de então ruas, repartições
públicas, escolas, centro sociais, culturais e religiosos começaram a ter
rampas de acesso, telefones públicos com altura apropriada, e ônibus especiais com
elevadores e espaços reservados. De fato estas iniciativas beneficiaram a
muitos, mas ainda estamos num processo de caminhada rumo à inclusão total, pois
nossa sociedade, ainda tem muito que melhorar, podemos começar pelo poder
público que compreende uma esfera política (nível federal, estadual, municipal)
e temática (política econômica, social, saúde, educação, assistência social
etc.). As
políticas públicas visam responder as demandas, principalmente dos setores
marginalizados da sociedade, considerados como vulneráveis, essas demandas são
interpretadas por aqueles que ocupam o poder, mas influenciadas por uma agenda
que se cria na sociedade civil através da pressão e mobilização social.
Neste
artigo vamos levantar questões a respeito de um assunto que ainda gera discussão e polêmica, principalmente nos meios educacionais. A educação inclusiva
sem dúvidas é o elemento mais importante do movimento da inclusão,
verdadeiramente o individuo que tem acesso a educação, consegue contribuir
positivamente para evolução social em todos os seus aspectos. Em se tratando da
escola inclusiva, claro que hoje em dia a escola que é acessível é considerada
vanguarda no processo educacional, se coloca a frente em relação às demais, seu
objetivo é trabalhar em prol da integração do aluno especial com os colegas,
funcionários e gestores, fazendo o papel de facilitadora para que este mesmo
aluno interaja com a sociedade.
Olhando
por este ângulo, a ideia parece ótima, mas para ocupar este status, muitas
escolas estão apenas cumprindo leis, podemos citar o seguinte exemplo: A
Constituição Federal diz no artigo 206 que o ensino será ministrado com base no
principio da igualdade de condições de ensino para acesso a permanência na
escola. E de fato em algumas escolas encontramos cadeirantes em escolas com
rampas de acesso e elevadores, interpretes de Linguagem Brasileira de Sinais
(LIBRAS) onde há alunos surdos, e etc. Mas a questão é que cumprir simplesmente
a lei, não integra, não sociabiliza o indivíduo, a não ser um conjunto de
iniciativas, tais como compreender a necessidade do aluno individualmente, ou
será que a mesma lei que permite que um Autista frequente uma escola regular,
beneficia da mesma forma um cego, um surdo, ou uma pessoa com síndrome de down?
Muitas famílias hoje em dia estão colocando seus filhos para estudar em escolas
regulares, lógico que visando o bem estar da criança, do jovem, não importa a
faixa etária, o que importa é que escolas públicas vem aceitando pessoas com
necessidades especiais, mas esta mesma família não tem condições de oferecer acompanhamento
psicopedagógico quando a criança precisa, e a saúde pública ainda não oferece
este serviço em grande demanda, o que torna o serviço precário, deficientes
físicos algumas vezes necessitam de uma estrutura especial dentro da escola,
pois alguns deficientes físicos precisam de auxilio para se alimentar e para
executar tarefas fisiológicas, e na maioria das escolas não tem profissionais
especializados para tais procedimentos, então a família se encarrega de
permanecer na escola a disposição. Isso quando não gera constrangimento para o
aluno, em algumas vezes causa desconforto para os pais ou responsáveis, esta
conclusão vem a partir de um desabafo de jovem de 19 anos que estuda em escola
publica regular, J.H.M, ele é cadeirante e necessita de uma pessoa
que faça um procedimento necessário a cada duas horas para retirada de fezes e
urina. Como as escolas ainda não disponibilizam centros de enfermagem adequados
e que ofereça este serviço, para que J.H.M estude, a mãe dele precisa
ficar a disposição dele nos horários em que ele frequenta a escola, e ele diz
que durante muitas vezes tanto ele quanto a mãe desanimaram, ele já abandonou a
escola varias vezes, além de cama especial que a mãe dele teve que comprar para
deixar na escola, para ser utilizada durante o procedimento, em uma das
escolas que ele estudou, não havia banheiro especial, o banheiro comum ficava
fechado durante aproximadamente 30 minutos enquanto realizava o procedimento,
alguns alunos ficavam irritados, proferindo palavras e atitudes que causavam desconforto a mãe e ao filho.
E
não para por ai, as escolas ainda tem muito que se preparar para receber alunos
especiais, já que inclusão trata-se dos direitos iguais e acessibilidade, as
escolas, sejam ela publicas ou particulares, devem fazer todas as mudanças
necessárias para oferecer uma educação de qualidade para todos os alunos. Em
virtude disto a comunidade surda tem se mobilizado para que as escolas ofereçam
o ensino bilíngue, a comunidade luta para que em primeiro lugar a escola
inclusiva priorize o ensino da língua de sinais brasileira, para que esta sirva
de apoio para outras disciplinas, como determina a lei 5016, instituída no dia
11 de janeiro de 2013, que determina a criação de escolas públicas bilíngues em
tempo integral para deficientes auditivos, surdos e filhos de surdos no
Distrito Federal. Tais instituições devem ensinar a Língua Brasileira de Sinais
como primeira língua e a língua portuguesa escrita como segunda. Surdos de todo
Brasil organizam grupos de enfrentamento a inclusão educacional não organizada.
Mesmo com interpretes em sala de aula, crianças surdas ainda enfrentam muitos
desafios em sala de aula, não conseguem interagir com a turma, nem com o
professor que não conhece a LBRAS, o material didático que ainda e direcionado
para uma cultura ouvinte, e este tipo de inclusão, em longo prazo traz
consequências, como por exemplo, baixo desempenho em provas de vestibular e
concursos públicos.
O
problema em questão não é a lei da educação inclusiva, ou o ato de incluir, o
problema é que a lei tem que ser cumprida, preparando não só a estrutura física
do espaço escolar, mas também preparando os profissionais que fazem parte do ambiente escolar. Seria um grande avanço se professores e alunos deficientes
visuais ou não aprendessem a ler e escrever no sistema braille, se todos os que
compõem o ambiente escolar conseguissem se comunicar com o aluno surdo, ou até
mesmo serem preparados para receber um aluno autista, ou com déficit de aprendizado.
O
ambiente em sala de aula deve ser um ambiente confortável e prazeroso para que
o aluno possa estar na sala de aula, não apenas para cumprir certas normas, e
sim para que ele possa ter a mesma oportunidade que qualquer outro aluno, e
para que isso ocorra de maneira eficiente, a família, a escola (o professor
mediador) ocupa um papel fundamental.
“O professor tem um papel essencial como mediador dos processos de
ensino-aprendizagem. Na escola inclusiva, é ele que recebe o aluno com
necessidades especiais na sala de aula. Sua atitude perante a deficiência é
determinante para orientar como esse aluno, com as suas diferenças, vai ser
visto pelos colegas. O professor também organiza o trabalho pedagógico e pensa
estratégias para garantir que todos tenham possibilidade de participar e
aprender. No entanto, ele não é o único responsável pela educação do aluno com
necessidades especiais. A escola também responde pela inclusão, e cabe ao
professor promover uma mediação entre família e escola, solicitando suporte e acompanhamento
da escola durante o ano letivo. Assim, vemos que a mediação se dá em vários
níveis: no trabalho pedagógico, nas relações na sala de aula, na escola e
também nas relações com a família e a comunidade”. (Reily, Lucia Helena,
Armazém de imagens, Papirus,
2001).
Assegurar uma educação digna ao portador de necessidades
especiais, é permitir que este cidadão seja respeitado, é viabilizar o preparo
para uma profissão digna, para que este possa ocupar espaços na sociedade que
durante muitos anos lhes foram negados. Procurar saber o que este indivíduo
quer e precisa para se sentir incluso em sala de aula. Lembrando também que inclusão
e acessibilidade são a garantia de que as diferenças se fazem
iguais quando essas pessoas são colocadas em um grupo que as aceite, como
pessoas portadoras de valores morais e de respeito ao próximo, e assim possam
gozar dos mesmos direitos e recebendo as mesmas oportunidades diante da vida.
A UTILIZAÇÃO DAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E DA COMUNICAÇÃO NA EDUCAÇÃO INCLUSIVA.
A partir da leitura anterior sobre educação inclusiva, vemos que ainda faltam alguns detalhes a serem postos em prática para assegurar ao aluno especial uma educação completa e de qualidade, então vamos analisar agora como as TIC funcionam neste processo de inclusão, estas sem dúvidas é de fundamental importância para a consolidação da educação inclusiva, até mesmo pela sua inesgotável fonte de possibilidades para o desenvolvimento de recursos que facilitem o aprendizado do aluno especial.
Educação Especial deve ser ofertada em todos os níveis, etapas e modalidades de ensino por meio do Atendimento Educacional Especializado (AEE), que disponibiliza recursos, serviços e estratégias pedagógicas diferenciadas para os alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento (TGD) ou altas habilidades/superdotação, bem como garantir as condições de acesso, permanência e, principalmente, de aprendizagem desses alunos nas salas regulares de ensino, junto com os colegas da mesma faixa etária, o AEE “[...] tem como função identificar, elaborar e organizar recursos pedagógicos e de acessibilidade que eliminem as barreiras para a plena participação dos alunos,considerando suas necessidades específicas ( BRASIL,2008a). A partir disto podemos citar a
Tecnologia Assistiva que vem pesquisando e desenvolvendo equipamentos que favorecem o aumento, manutenção e a melhora das habilidades funcionais da pessoa com necessidades especias.
Dentre os recursos de tecnologia assistiva disponibilizados pelo
Ministério da Educação nas salas de recursos multifuncionais figuram materiais didáticos e paradidáticos em braile, áudio e Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS, laptops com sintetizador de voz, softwares para comunicação alternativa, entre outros que promovem o acesso ao currículo.
Carvalho (2001, p. 67) diz que [...] a informática e as demais tecnologias de informação e comunicação não representam um fim em si mesmas. as respostas educativas da escola e contribuir, no âmbito da educação especial, para que alunos cegos, surdos, com retardo mental,com paralisia cerebral, paraplégicos, autistas, multi deficientes, superdotados, dentre outros, possam atingir maior qualidade nos seus processos de aprendizagem e de exercício da cidadania.
Agora o que falta são as escolas públicas serem contempladas com tais tecnologia, pois tudo o que envolve novas tecnologia, há um investimento que infelizmente não tem acontecido para que as escolas públicas regulares ofereçam aos seu alunos especias ferramentas que facilitem seu aprendizado, além do falta de investimento nos aparelhos ainda tem os gastos com profissionais que auxiliem na manipulação das máquinas, ao pesquisar sobre tecnologia assistiva, pensei o quanto nossa sociedade avançaria se realmente houvesse investimento em tecnologia para a educação seja ela regular ou especial, mas a situação é muito mais delicada, mas nada melhor do que a mobilização social para que essas propostas possas ser postas em prática em toda rede de ensino contemplando aquele que faz parte da nossa sociedade e contribui para o crescimento desta.